“Hoje é um dia de luta, é um dia de buscar os nossos direitos.” O grito de guerra é do coordenador do Território de Maria Clemência, Valdenicio Gonçalves, que também é um dos membros do Instituto Quilombola do Sudoeste Baiano, instituição organizadora do evento “Novembro: Mês da Consciência Negra”, realizado neste sábado (30/11), na Paróquia Nossa Senhora Rainha da Paz, em Vitória da Conquista. O dia contou com uma plenária, na qual participaram membros políticos da cidade, da região e do movimento, além de apresentações culturais.
Para o diretor do Instituto Quilombola, Josézito Ferreira, o evento deste ano foi gratificante, pois teve uma grande representatividade do estado e conseguiu reunir mais de 900 pessoas. “Pela primeira vez em 20 anos na luta de reparação, nós temos um evento tão positivo como o deste ano”, afirmou o diretor.
De acordo com Valdenicio Gonçalves, muitos direitos são retirados da comunidade negra. Além de buscar esses direitos, eles estavam ali pelo reconhecimento das comunidades que ainda não são reconhecidas pelo governo. “De 67 comunidades quilombolas, apenas 33 têm suas terras reconhecidas”, disse o quilombola.
A programação começou às 8h, com a concentração do público na Praça Nossa Senhora dos Verdes e a saída foi às 9h40 em direção a Paróquia Nossa Senhora Rainha da Paz. A mesa de abertura foi composta pelo coordenador do Instituto, Josézito. Também estavam presentes políticos como o deputado federal Waldenor Pereira, o vereador Dr. Andresson Ribeiro (PCdoB) além de integrantes da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), como Ângela Guimarães, o presidente da Casa da Cidadania, Waldir Villaron que na ocasião firmou compromisso entre a Casa da Cidadania e as comunidades quilombolas, além de menbros da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).
De acordo com o deputado federal Waldenor Pereira, fazer parte de um partido que sempre priorizou as lutas das comunidades quilombolas é um grande orgulho. Ele destacou que programas do governo Lula, como Luz para Todos, Bolsa Família e Água para Todos, priorizaram essas comunidades esquecidas por outros governos. “Além desses programas, as comunidades quilombolas têm prioridade em seu reconhecimento. A Fundação Palmares está trabalhando muito bem para que todas essas comunidades se tornem reconhecidas e possam usufruir destes benefícios”, disse.
Para o vereador Dr. Andresson Ribeiro (PCdoB), as comunidades quilombolas enfrentam muitos desafios, e o dever é criar estratégias para que o fortalecimento das políticas públicas avance ainda mais. “As políticas públicas precisam chegar às portas destas comunidades, com acesso público de qualidade e também saúde de qualidade”, afirmou.
A secretária da Sepromi, Ângela Guimarães, ressaltou a importância de celebrar o Novembro Negro e destacou que o encontro foi uma oportunidade de trazer as reivindicações da comunidade, sempre ligadas à necessidade de sobrevivência no território. “As comunidades buscam a regularização fundiária, projetos de inclusão socioprodutiva, educação de qualidade e também acesso à água. Elas encontram, através desses eventos, do governo do estado, das secretarias e do próprio governo Lula, meios para serem ouvidas”, afirmou.
Durante a tarde, o evento contou com diversas apresentações culturais. A banda Marujada Mirim, parte do projeto social do Kilombeco, que funciona no Beco de Doula, foi a primeira a se apresentar. Em seguida, a banda Batukebom, da comunidade Tapioconga, fez sua apresentação. Logo após, houve uma demonstração de capoeira com os alunos do grupo Centenária dos Escravos, que pertence à comunidade quilombola Crioulos. O grupo de dança Jóia, da Cachoeira dos Porcos, realizou uma performance, e a comunidade Queta Sol encerrou as apresentações com uma cantiga de roda.
Antes do fim do evento, as comunidades quilombolas de Alagoinhas e Quilombo da Pedra receberam a autorização de ordem de serviço, um documento que formaliza o início de um trabalho ou serviço, detalhando o que será feito, onde, quando e em que condições. Ele serve para alinhar as partes envolvidas e também funciona como um registro legal em caso de disputas.
O evento contou com o apoio do Governo do Estado e de diversas instituições, como a Casa da Cidadania, o Centro de Economia Solidária (Cesol), a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), a Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) , além da ajuda do vereador Dr. Andresson Ribeiro, do deputado federal Waldenor Pereira, do também deputado federal Valmir Assunção (PT) e da Central Estadual de Associações das Comunidades Tradicionais da Agricultura Familiar e Campesina do Estado da Bahia (Cecaf).